A Importância do Faz de Conta
Os filhos de vocês já entraram na fase de se fantasiar?!
Vocês devem ter observado que de uns meses para cá o Arthur só aparece de fantasia nas fotos no meu facebook.
A primeira fantasia que ele ganhou foi do pai, que despretensiosamente
Halloween da escolinha – 2010
Halloween da escolinha – 2012
Até aí tudo bem, as fantasias eram presentes que partiam basicamente de nós, pais.
No entanto... lá quando ele tinha mais ou menos 3.5 anos... a coisa começou a tomar uma proporção que até hoje, mais de 6 meses depois, ainda nos surpreende.
1º foi de Pirata:
Festa do Bento – a festa não era à fantasia, só faltou avisar o Arthur!
2o foi do Super Homem:
Festa do Leo
E última e arrebatadora: BATMAN!!!
Na Festa dele de 4 anos: com a síndrome de Batman! He He He
Na hora do parabéns: uma moedinha por seus pensamentos...
O que me intriga nisso é que desde a fantasia do Pirata, a iniciativa é do Arthur, e ele sempre parece inebriado pelo personagem, fala como se fosse o próprio, quer dormir com a fantasia, reclama quando precisa tirar a fantasia e colocar o uniforme da escola ou para ir para o banho, e assim por diante.
De uns tempos para cá, noto também que passei a ser convidada para aniversários infantis à fantasia também. E cá com os meus botões concluo que é alguma fase pela qual as crianças da faixa etária do Arthur também estão passando. E noto que as festas são um verdadeiro sucesso, as crianças realmente encarnam o personagem completamente, imitam e tudo mais!!! Olhem isso, que amor:
Então, recorri a um amigo meu de infância, o Rodrigo Saballa de
Carvalho, que é pedagogo, Doutor em Educação e professor na UFFS
(Universidade Federal da Fronteira do Sul). Ele trabalha na formação de
professores e é responsável pelas cadeiras de Educação Infantil (zero a
cinco anos de idade) do curso de Pedagogia da UFFS.
E aqui segue não apenas a importância de entendermos esta fase, mas também de incentivarmos
nossos filhos! Boa leitura:
Truques Maternos (TM): Qual o
nome desta fase pela qual o Arthur e seus amigos estão passando?
Dr. Rodrigo Saballa de Carvalho
(Rodrigo): trata-se de jogo simbólico - também conhecido como "faz de
conta".
TM: Como esta fase surge na
infância?
Rodrigo: Começa a partir dos
dois anos . O jogo simbólico é uma das formas que a criança utiliza
para compreender o modo de vida da
sociedade e para conhecer a realidade que a rodeia.
TM: Por que esta fase é tão
importante?
Rodrigo: O jogo possibilita a
expressão e o desenvolvimento da criatividade das crianças, pois elas podem
experimentar diferentes papéis e vivenciar situações que extrapolam a visão
racional dos adultos. Através do jogo simbólico a criança
reproduz e interpreta modelos, atitudes e comportamentos, aproximando-se da
realidade (ela pode ser o pai, a mãe, o super herói dos desenhos animados, o motorista
de ônibus, o personagem da novela, o policial, o bandido, a professora
atuando em sala de aula, o mecânico, etc). Situações de prazer,
tensão, e descoberta misturam-se e são amplamente vivenciadas no
contexto do jogo. Além disso, a inteligência, a afetividade e o
desenvolvimento da oralidade (ampliação do repertório
linguistico) são ativamente reforçados por essa forma de jogo.
TM: Como nós, mães e pais,
podemos ajudar nossos filhos neste jogo?
Rodrigo: É necessário que as
crianças sejam estimuladas. Em casa, por exemplo, quando a criança está jogando
e não tem outra criança para brincarem juntos, o adulto (pai, mãe ou pessoa
responsável pela mesma) pode atuar como interlocutor através do diálogo e da
disponibilização de materiais (caixas, roupas, fantasias, materiais reciclados, tecidos, etc).
TM: Você pode nos dar sugestões
de como entrar no jogo com nossos filhos?
Rodrigo: As condições do jogo
variam dependendo do contexto em que se desenvolvem, podendo ocorrer em
casa, na rua ou na escola:
(i) Caixas de produtos
alimentícios, por exemplo, podem tornar-se material para criação de um
supermercado.
(ii) Lençóis podem tornar-se
cabanas, casas e acampanhamentos no quarto das crianças.
Na rua, no pátio de casa
ou no condomínio (quando a criança brinca com os amigos), o espaço
físico é o grande promotor de inúmeras possibilidades de jogo:
(iii) Uma árvore pode se tornar
uma casa,
(iv) Um graveto pode se tornar
uma espada,
(v) Um muro pode se tornar uma
fortaleza.
TM: Preciso me preocupar se meu filho se interessar em “ser” o personagem vilão da história?
Rodrigo: Como trata-se de um jogo simbólico não existe problema alguma da criança assumir o papel de vilã da história. Ela apenas esta interpretando um papel, experimentando um outro jeito de agir. Existe um livro chamado Brincando de matar monstros: por que as crianças precisam de fantasia, videogames e violência de faz- de conta do autor Gerard Jones, que pode ser uma leitura interessante sobre o assunto.
TM: Devemos estar atentas à
importância que a escola de nosso filho dá a esse jogo?
Rodrigo: Certamente. A Escola
de Educação Infantil é um espaço privilegiado para que o jogo simbólico se
desenvolva, já que a criança tem a possibilidade de jogar com parceiros de sua
idade, ter um amplo repertório de materiais e a mediação do professor. No entanto,
infelizmente, em muitas instituições isso não tem
ocorrido de modo efetivo. Em algumas
instituições existe o "dia do brinquedo" ou até mesmo
horários definidos para que as crianças possam brincar - após
realizarem o que os docentes consideram como sendo as "atividades
pedagógicas". Tendo em vista que o brincar um elemento
fundamental no currículo da Educação Infantil e de que a criança tem direito a
brincadeira, é fundamental que exista esse espaço na escola e de que a
ludicidade permeie todas as propostas. Na escola também deve existir espaços fisico amplo interno (salas) e externo (pátios, área coberta), além de uma ampla variedade de materiais não estruturados para que as crianças tenham a oportunidade de jogar.
Meninas, vocês gostaram das explicações do Rodrigo? Eu as achei muito interessante, pois nós mães, tentamos sempre acertar, mas muitas vezes de forma empírica. E aqui está a comprovação de que através do jogo a criança tem inúmeras possibilidades de desenvolver-se afetiva, cognitiva e emocionalmente!!!
Um brinde ao Faz de Conta!
Beijos e até o próximo post!
Sigrid.
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